terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Carta em soteropolitanês (baianês).

A carta do baiano que perdeu o emprego por conta do ''emelho'' que ele n tinha.

Aí galera, esse emelho é de Claudinei, mas aqui é Jonilson que tá falando. É porque eu não tenho emelho aí ele me liberô pra escrevê no dele. E eu quero falá é sobre isso mermo: emelho.


A parada é o seguinte. Ôto dia eu tava procurando um serviço no jornal aí eu vi lá uma vaga na loja de computadô, aí eu fui vê lá colé de mermo. Botei uma rôpa sacanage que eu tenho, joguei meu Mizuno e fui lá na po**a. Aí eu cheguei lá, fiz a ficha que a mulé me deu e fiquei lá esperando. Nêgo de gravata e as po**a! Eu só "nada... tô cumeno nada!". Aí, eu tô lá sentado, pá, aí a mulé me chama pa entrevista lá na sala dela. Mulé boa da po**a!. Entrei na sala dela, sentei, pá, aí ela começô: a mulé perguntano , seu sabia fazê coisa como a po**a e eu só..."Sim sinhora, que eu já trabalhei nisso já", jogano 171  na mulé e ela cumeno! Aí ela parô assim, olhô pra ficha e mim perguntô mermo assim: "Você mora aí, é?", aí eu disse "É!". Só que eu nun sô minino, botei o endereço de um camarado meu e o telefone, que eu já tinha dado a idéa já pa ele se ela ligasse pa ele dizê que eu sô irmão dele e que eu tinha saído, pa ela deixá recado, que aí era o tempo dele ligá pro orelhão do bar lá da rua e falá comigo ou deixá o recado que a galera lá dá. Eu nun vô dá meu endereço que eu moro ni uma bocada da po**a! Aí a mulé vai pensá o que? Vai pensá que eu sô vagabundo tomém, né pai... Nada!

Aí, tá, a mulé só perguntano e eu jogando um "H" , e ela gostano vú... se abrindo toda...  Aí ela mim disse mermo assim: "Ói, mim dê seu emelho que aí quando fô pra lhe chamá... - a mulé já ía me chamá já - ... quando fô pra lhe chamá, eu lhe mando um emelho". Aí eu digo "Po**a... e agora ?". Aí eu disse a ela mermo assim "Ói, eu vô lhe dá o emelho de um vizinho meu pra sinhora, que ele tem computadô, aí ele mim avisa". Mintira , que o cara mora longe como  e o computadô é lá do trabalho dele, aí ele ía tê que mim avisá pelo telefone lá da rua. Aí, depois quando eu disse isso, a mulé empenô. Sem mintira niua, ela mim disse mermo assim: "Aí, não: como é que você qué trabalhá ni loja de computadô e não tem emelho?". Aí ela bateu no meu ombro assim e disse "Ói, hoje em dia, quem num tem emelho, ximba!". Falô mermo assim, véi, a miserave da mulé. Miserave! Mas aí, eu ía fazê o que, véi?


Aí uns dias depois eu acabei conseguindo um serviço de ajudante de predero: um pau da po**a! Eu pego 7 hora da manhã e levo direto,  de 7 a 7, aí meio dia para pra almuçá, comida fêa  e acabô o almoço nun discansa não, volta pro serviço. É pau, vú véi... é pau viola mermo. É por isso que eu digo, é como a mulé disse: "Quem nun tem emelho, ximba!". É isso aí. Os cara que nun recebero esse emelho vai ximbá, na moral, dá um pau da po**a, quando chegá fim de mês, recebê uma merreca. Agora pra você que recebeu esse emelho, eu vô lhe dá a idéa: ói, vá lá na loja que ainda tem a vaga!


Já fui!


Esse emelho é de Claudinei, mas aqui é Jonilso que tá falando.


Valeu!